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O MAGO NUNCA SE ATRASA

Voodoo: Caminhando para Guinee


Prólogo:

Antes de falar do voodoo praticamente dito quero deixar claro algumas coisas. Primeiro, eu não sou nenhuma autoridade dentro do Voodoo. Tá certo que dentro da minha família eu possuo tias feiticeiras, que trabalham com as tradições de matriz afro, isso não me faz de mim alguém com privilégios ou nenhuma pessoa expressiva dentro do  Voodoo, na verdade isso não me altera nada, já que eu acredito que a prática do Voodoo é algo individual, e mesmo que a ancestralidade ajude em algo, se a pessoa não procurar se desenvolver não faz diferença nenhuma sua origem. Trocando miúdos, você será grande dentro da arte se tiver coragem, estudo, disciplina e prática!!

Segundo não sou um Hougan, me considero um Bokor em treinamento, tem muito mais haver com minha linha de prática. Não tenho pretensão de ter um Hounfort (local onde se tem o culto aos Lwas), apesar de prestar atendimento com as entidades aqui na escola de magia.

Terceiro estou me propondo a fazer um texto inicial, e relatar minha experiência pessoal, meu caminhar dentro do Voodoo. A ideia de começar essa sessão no site da Mahou surgiu como forma de organizar todo conhecimento adquirido pelos Lwas e pelos companheiros de prática. De fato faz um tempo que estudo o Voodoo, mas até o ano passado eu sempre me pus na parte rasa da arte, me atendo ao estudo dos Lwas, e forças do Voodoo.

Mistérios dos mistérios:

Ano passado depois de uma situação que assolou a Escola por um tempo, acabei tendo um contato inesperado porém muito intenso com o Barão Samedi. Após esse contato eu retomei o contato com um amigo que foi essencial para abertura final para os portões de Guinee.

A partir daí os Lwas quando não invocados, se apresentaram de forma espontânea, e foram me orientando, mostrando estudos, o que era certo, oque era errado. Sempre eu confirmava com meu amigo e outras pessoas que também praticam a arte do Voodoo. Em um dado momento os Lwas, principalmente Papa Legba, se manifestaram. Num primeiro instante, Papa e Barão começaram a reunir pessoas únicas, todas que vinham a busca de conhecimento ou atrás de um caminho espiritual.

Em nenhum momento dessa caminhada eles deixaram de nos ajudar, ensinar, dar broncas e nos curar. Quanto mais eu aprofundava no contato com os Lwas mais eles cuidavam de nós, e sem saber eles nos preparavam para o que viria a seguir.

Para entender a ironia do mundo espiritual, eu um mago formado, conhecedor de várias artes, praticante de Onmyoudo, foi a primeira vez que consegui resolver coisas que antes eu tinha dificuldades e até adentrar mais profundamente nos bloqueios de certos alunos, os quais eu me preocupava e tentava guiar nos caminhos da magia.

Isso quer dizer que o Voodoo é mais poderoso ou melhor do que outras artes? Não, é um caminho como outro qualquer, mas é o meu caminho, é onde eu me encontro com minha ancestralidade de sangue. Para mim o Voodoo surgiu com forma de reencontrar meus ancestrais, e complementar ainda mais minha prática, era a peça que faltava dentro dos mistérios do mundo espiritual.

Duas coisas importantes, não seria nada meu caminho e não teria avançado tanto se não fosse o meu contato com pessoas que hoje considero muito importantes e irmãos de caminho. Através deles eu consegui me sentir seguro em adentrar por vias antes ignoradas e até temidas, dada a minha formação cristã e a prática de Altamagia. Outro ponto importante foi a necessidade que se surgiu após um ataque espiritual contra a escola. Nesse momento foi que o Barão veio, e se manifestou a mim. Diria hoje que sem os meus opositores eu talvez, repito, talvez, não teria tido esse contato, pelo menos é o que eu acredito.

O Voodoo como arte e religião depende do contato com as divindades e da capacidade mediúnica do operador, então adentrar nesse caminho sem esse desenvolvimento é pedir pra ser levado por foças naturais muito poderosas e se perder. Então todo o meu caminho até aqui me preparou para a prática do Voodoo, mas acredito que uma pessoa sozinha sem desenvolvimento, não deva trabalhar com os Lwas sem antes conhecer a si mesmo, saber das suas potencialidades, dos seus dons. Não é uma regra é apenas um conselho, acredito que os próprias Lwas possam ajudar o praticante se esse tiver firmeza de espírito e uma mente poderosa para poder identificar os truques e os testes dos Lwas. No meu caso ter pessoas mais experientes me ajudou a identificar esses truques e testes.


A Aparição:


Continuando o meu relato. Vou me ater a algumas das experiências, as principais para explicar o início de meu caminho, por que na verdade foram muitos momentos que rolaram desde contatos sutis a mais intensos. Para deixar o texto mais fluído vou me ater ao que eu acredito seja o cerne da minha motivação e história. Vamos lá.

Depois de toda essa preparação a verdadeira intenção deles começou a se revelar. Depois de ter tratado cada um das pessoas que formariam a base do trabalho, eles pregaram uma peça que foi mais como um teste. Explico. Primeiramente se manifestou um guia idoso, um "preto velho" que ajudou muito no desenvolvimento aqui em casa. Aos poucos ele mostrou quem realmente era, sim era Papa Legba que se manifestava na forma de um velho sábio. Sim ele em geral faz isso, testa as pessoas.

Um tempo depois da revelação mais um teste, fui convidado a ir em um terreiro de Umbanda de um amigo. Fui para assistir a um trabalho de esquerda. Chegando lá, sem esperar mais nada do que apenas mais uma experiência, fui convidado a entrar no terreiro por um dos guias que estava em terra incorporado em um dos médiuns. Aliás, como sempre acontece quando eu vou em terreiros, mal eu chego e os guias da casa me chamam pra conversar.

Quando passei aquela muvuca que fica no começo da área reservada ao trabalho eu avistei o médium que me chamava, e pra minha surpresa era o Exu de meu amigo, que eu chamo de Bruxo, que é a forma carinhosa que eu o conheço hoje. Nessa época eu ainda não tinha visto meu amigo incorporado, o que foi bem legal, pois eu só conhecia a sua prática dentro da feitiçaria, e ao mesmo tempo foi muito forte pois a entidade era muito diferente do meu amigo.

Começamos com apresentações, ele falou quem era, eu me apresentei. Ele me cumprimentou com os braços cruzados, eu cruzei também em respeito, ele segurou minhas mãos e começou a falar. Primeiro agradeceu toda ajuda que eu tinha dado ao seu filho, ou ao "menino" como ele dizia, e continuou contando a história da vida dele. Isso tudo segurando meus braços cruzados enquanto ele fazia uns sinais e me "cruzava". Eu observava.

Aí veio a confirmação dos planos do Lwas, ele no meio de toda a prosa, sermão e agradecimento pediu para falar com meu guia, que estava comigo que ele queria conhecer, já que ele já tinha ouvido falar dele. Eu :"What???" (como assim?? eu pensei, que guia?? ) até que eu eu confirmei com ele quem era. Ele disse: " Esse guia que está com você, não é daqui é de outra linha, se você permitir dê a passagem a ele que eu quero conhecê-lo, e se ele e você quiser podem ajudar aqui no trabalho de hoje à noite"........

Eu, em estado de choque, disse: "ah.. eh. quer dizer.. você quer que eu incorpore?? e pode? mas.. pera. Não tem problema???" mal disse isso e ouvi a risada do Papa!!! que crescia, crescia e tomou uma forma audível através da minha boca!! pronto!! estava incorporado. Nesse momento eu fiquei ainda consciente mas sem nenhum controle de meu corpo, nesse caso era pra que eu pudesse participar e aprender (isso me foi revelado mais tarde). E assim começou o meu sacerdócio com eles, os Lwas. Pra ser mais simplista, nesse dia eu ajudei uma menina que estava com um obcessor, ajudei um menino que queria desenvolver sua mediunidade. Curei uma mãe que estava desesperada, e de quebra o Papa saiu fazendo amizades com todos os Exus da casa, bebeu, fumou um charuto (coisa que eu nunca tinha feito), aliás ele bebeu pra caramba(coisa que eu nunca tinha feito dessa forma). 

Em alguns momentos eu perdia a consciência e depois voltava, então não me lembro de tudo que rolou naquela noite, o que eu sei, me contaram, auhauhauh, o que é muito engraçado. 

Pra fechar a noite com chave de ouro, chegou a hora das Pomba-gira, e adivinhem minha pomba se manifestou, e louca aprontou no terreiro que eu fiquei sabendo. Aprontou de forma boa pelo que disseram, e no fim ficou comportada até que eu voltei novamente. Depois da reunião a mãe de santo do local veio falar comigo e me convidou a trabalhar sempre lá, o que eu permaneci fazendo por uns três meses, posso dizer que esse tempo me ajudou a compreender muitos fundamentos das tradições de matriz afro(tá eu sei que umbanda é brasileira, mas em essência ela é de matriz afro). 

Conclusão:


Depois disso o trabalho com as pessoas de casa e da escola se aprofundou e desde então ele tem se sedimentado, o contato com os Lwas e com os Orisas (as 7 forças do Voodoo, por assim dizer) se tornou constante e realizei vários trabalhos de iniciação com cada um deles. Mistérios que não ouso aqui contar. 

O que aconteceu?? Pessoas começaram a vir pra Mahou para serem atendidas, coisas que antes eu fazia utilizando o Onmyoudo, passei a fazer também com o Voodoo. Dois dias de atendimento se estabeleceu na escola, um dia para os de dentro e outro para o público em geral. Iniciações feitas, tinha chegado a hora de firmar o local sagrado dos Lwas e assim firmar nosso trabalho. É pois é! e assim foi. 

Bom como vocês podem notar ao chegar nessa parte do texto, que eu já escrevi um texto enorme, o que, como vocês sabem, é muito normal. Então a parte onde eu falo do Voodoo da forma didática fica pro próximo texto. Deixo esse como uma forma de Prólogo, como em um livro uma apresentação formal do trabalho que nos faz compreender o que vai ser escrito. Nesse caso foi mais o porquê.

Em textos futuros eu devo colocar as experiências que eu deixei de citar aqui, para que não ficasse um texto muito extenso. 

Espero que tenham gostado e espero vocês na Introdução, que será escrito por mim e pela Seiryu, até explicando os termos que eu usei aqui no começo do texto. A cada semana eu escreverei sobre minhas experiências ou sobre os Lwas, textos que foram feitos ano passado serão complementados com o que sei deles agora. Bju

Bon Swa et bon Bagay!

The Source

Um comentário :

  1. Otima historia.

    Fico no aguardo das próximas.

    Existe algum livro que vocÊs recomendam para conhecer os lwas e o voodoo?

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