A maturidade e a aceitação em viver o êxtase pode lhe trazer a liberdade tanto almejada. Para conseguir isso, viva e deixe viver!
Liber, também chamado de Liber Pater ou ainda o Venerável Liber Pater, é o Deus Romano da liberdade, da rebelião, da fertilidade, do sexo, do êxtase, da virilidade, da agricultura, da vegetação, da germinação, da viticultura, do vinho, da prosperidade, da maturidade, do teatro, da proteção contra a inveja, dos campos e do
povo (exclusivamente da plebe). É filho da Deusa Romana Ceres e tem como consorte Libera, que também é sua irmã. Seu nome significa “livre” e, quando chamado de Pater Liber, um epíteto, significa “Pai da liberdade”. Foi confundido com o Deus Romano Baco que tinha como equivalente o Deus Grego Dionísio.
Templo de Liber Pater na cidade de Sabratha |
Não temos disponível nenhuma informação acerca de seus mitos por dois motivos: A) Seu culto foi proibido durante certo tempo pela Roma Pagã e, posteriormente pela Roma já cristianizada, assim informações podem ter se perdido no tempo pelo esquecimento e pela perseguição; B) Como é um Deus que ainda hoje é confundido com Dionísio/Baco, seus mitos podem ter se incorporado ao culto de seus equivalentes e a história coube de fazer o papel de nos confundir pensando que são mitos deles, ao invés do próprio Liber.
Essa confusão foi fácil de ser realizada, pois todos são divindades do vinho e seus cultos só tiveram proeminência após a queda da monarquia de suas respectivas sociedades, contudo, vale ressaltar que quando o culto de Baco se estabeleceu em Roma, toda a Itália já cultuava Liber, que tem sua origem entre os Etruscos. Sua esposa, Libera, é associada com a Deusa Romana Prosérpina (a Perséfone Grega) de onde podemos deduzir que o mito em que Dionísio se relaciona com Perséfone nada mais é do que um eco da união entre Liber e Libera, ou seja, um sincretismo que os gregos fizeram. Vale ressaltar que, por vezes, Liber é dito ser consorte também de sua mãe Ceres, o que também podemos relacionar como tendo este mito sido reproduzido pelos gregos quando dizem que Dionísio se acasalou com Deméter.
Estátua votiva encontrada na colônia de Avrelia Apvlensis |
Liber faz parte de um conjunto de Deuses Romanos de nome Tríade Aventina, que é constituída por Ele, Ceres e Libera. Seu festival ocorria em 17 de Março e recebia o nome de Liberalia. Este festival comemorava a chegada dos meninos à puberdade, onde trocavam a toga infantil pela toga de Liber (para adultos) que era consagrada aos espíritos lares e representava que agora eram cidadãos e tinham direito ao voto, ao casamento e a sair da casa de seus pais. O festival se iniciava com um enorme falo numa encruzilhada que era adorado como representação do Deus e, depois, era levado em procissão à cidade onde uma matrona virtuosa e respeitada coroava o membro esculpido em madeira com uma guirlanda de flores. Nesse festival faziam-se muitas oferendas e sacrifícios e muitas músicas irreverentes eram tocadas constantemente enquanto máscaras eram penduradas nas árvores pedindo proteção contra o mal e fertilidade para o campo e para as pessoas.
Por ser um Deus que incita a rebelião e agredia os valores considerados morais pelos patrícios (a elite Romana), seu culto foi perseguido pelos burgueses em 186 a.E.C. e a prática da Liberalia foi proibida, pois temia-se uma insurreição por parte do povo contra seus líderes. Entretanto, sua legalização veio a ocorrer anos depois e um templo em honra a Liber foi erguido no Monte Aventino (por isso Tríade Aventina), mas parte de seus costumes já havia migrado para o festival conhecido como Cerealia, que celebrava a Deusa Romana Ceres. Ainda assim, algumas práticas e costumes que seus adoradores tinham permaneceram intactos, pois provinham de atributos que Liber possui e que não é compartilhado com Ceres: a auto-expressão e liberdade de expressão através de nossas atitudes, através da sabedoria plebeia e do êxtase.
Sua grande massa de adoradores era constituída pelas classes mais baixas de plebeus, mulheres, jovens e homens efeminados (gays) que eram considerados moralmente fracos, entretanto, algumas poucas pessoas da elite de Roma participavam ativamente dos cultos. Um de seus símbolos, um falo alado, era usado como proteção por crianças (meninos) e por soldados. Como oferenda, Ele recebe bolos de mel (os romanos acreditavam que o descobridor do mel foi Liber), o primeiro cacho de uva de uma colheita (conhecido como sacrimia) e vinho. Porém, deve-se ter cuidado com o vinho oferecido, pois o vinho de Liber é utilizado em cerimônias ditas profanas (não religiosas), enquanto que o vinho utilizado nos ritos era aquele feito pelo Sacerdote Superior de Júpiter. Seu jogo sagrado era chamado de Scaenici Ludi (Jogos Cênicos) em que envolviam apresentações teatrais cheias de ação e lascívia, semelhante às comédias satíricas.
HINO A LIBER
Oh, Grande Pai Liber, Mestre da Liberdade, quão magnífico és tu!
Em ti encontro prazer, abundância, êxtase e torpor.
Mais vida tenho em ti do que servindo aos chefes do Estado.
Seu poderoso falo ereto me move e com ele gozo de alegria.
O vinho por Ti oferecido é mais doce e mais suave que o próprio mel.
Aquele que julga conhece-lo, mas não quebra as regras nunca entrou nem mesmo no átrio de Seu templo.
Ave Liber, Liber Pater, faça de mim sua obra metamórfica.
Ave Liber, Liber Pater, me faça o homem e o cidadão ideal que quero ser.
Ave Liber, Liber Pater, que Sua proteção seja barreira para qualquer malefício a mim lançado.
Represente sua peça no palco da minha vida!
Ave Liber! Ave Liber!
Suas faces
ü Deus Liber
ü Deus Baco
ü Deus Dionísio
Epítetos
ü Liber Pater (Pai da Liberdade)
Referências
Dallan Chantal
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